segunda-feira, 29 de julho de 2013

MÚSICA: JESUTON (ENCONTROS)


Sendo completamente leigo em se tratando de crítica musical, escrevo sobre essa nova cantora apenas como fã arrebatado que me tornei, ao ouvir essa linda voz negra declamando covers de grandes sucessos da música pop romântica mundial.

Jesuton é o nome dela. Uma cantora britânica de 27 anos, com pai nigeriano e mãe jamaicana. Descobriu-se cantora no Peru e chegou ao Brasil em 2012 para tentar o sucesso, que está chegando de mansinho e em pouco tempo tomará tudo de assalto.

Pra quem ainda não ligou o nome à pessoa, Jesuton era a voz que embalava o romance de Morena (Nanda Costa) e Théo (Rodrigo Lombardi) em "Salve Jorge", último cartaz das 21:00 na Globo, com a balada I'll never love this way again, sucesso dos anos 1970 na voz de Dionne Warwick.

Ela foi descoberta por Luciano Huck cantando nas ruas do Rio de Janeiro. Convidada pelo apresentador à cantar no palco do seu "Caldeirão", Jesuton emocionou a todos com seu vozeirão, foi contratada pela gravadora Som Livre e para se tornar queridinha das trilhas de novelas da Globo foi um pulo. Além de arrasar em "Salve Jorge" com I'll never love..., ela também está na trilha de "Sangue Bom", atual cartaz das 19:00, com a regravação de Because you loved me, poderosa canção de Celine Dion nos anos 1990, que é tema de Malu (Fernanda Vasconcelos) e Bento (Marco Pigossi).

Essas duas músicas, porém, não fazem parte de "Encontros", álbum de estreia da cantora, e nem fazem muita falta, já que esse belíssimo trabalho conta com 13 faixas sedutoras e apaixonantes. Com canções que embalaram muitos romances e dores de cotovelo em anos e até décadas passadas, Jesuton com sua voz aveludada e excitante dá nova roupagem à antigos sucessos que embalarão as dores e romances de uma nova geração.

Eu poderia citar e falar sobre uma por uma das faixas desse delicioso álbum, mas quero destacar apenas quatro, como Us, a música que abre os trabalhos e trata-se de uma regravação em inglês de Nós, canção conhecida na emblemática voz de Cássia Eller, no início dos anos 2000, que ficou maravilhosa nessa nova versão. Same mistake do também britânico James Blunt, que já foi tema de novela da globo (Duas Caras) na voz dele, está sensacional na voz dela, é a terceira faixa. A faixa de número nove fica à cargo de The blower's daughter, de Damien Rice, uma de minhas canções preferidas de todos os tempos, que já foi trilha de filme (Closer - Perto Demais); novela (Belíssima); regravada em português duas vezes (Simone - Então me diz / Ana Carolina e Seu Jorge - É isso aí) e executada a exaustão, e mesmo assim não enjoei. Agora na voz de Jesuton vai dar pra chorar e se arrepiar por muito e muito tempo ainda, sua versão ficou quente e envolvente. Quase terminando o CD, lá na faixa doze, encontra-se uma pérola. Cantada num esforçado e melancólico português, com um sotaque encantador, de amolecer qualquer coração, temos a dilacerante e arrebatadora O mundo é um moinho de Cartola, que já me arrancava lágrimas na voz de Cazuza, agora vai me arrancar pedaços.

Não deixem de ouvir Jesuton - Encontros. É um doce deleite da primeira à última faixa, uma viagem sentimental e emocional que vale muito à pena. Posso afirmar sem sombra de dúvidas que Jesuton é a minha mais nova diva da música romântica internacional, e se você tiver bom gosto e sensibilidade será a sua também.


JESUTON - ENCONTROS

01. Us (Nós)
02. Crosses
03. Same Mistake
04. Nothing Changes
05. Time is Running Out 
06. Holocene
07. Sodade
08. Between the Bars
09. The Blower's Daughter
10. Redemption Song 
11. Wild Horses
12. O Mundo é Um Moinho
13. Try a Little Tenderness 

quarta-feira, 24 de julho de 2013

SOBRE LÚCIA






Tenho alguns amigos queridos, dos quais já escrevi sobre. Outros já me pediram que fizesse alguma postagem em sua homenagem, uns até bem interessantes, outros nem tanto. A personagem de hoje poderia ser fictícia, mas é bem real, uma amiga muito querida que não pediu pra que eu escrevesse sobre ela, nem trata-se exatamente de uma homenagem, mas depois de nosso último encontro, sinto uma necessidade absurda de postar um texto que fale dela.

Ontem, após um encontro delicioso, depois de três meses sem nos vermos, regado a um saborosíssim frisante rosé, acompanhado de um jantar gourmet maravilhoso, deixei Lúcia com a seguinte frase: " Quando eu penso que você não pode mais me surpreender, você se supera." E assim é Lúcia uma grandessíssima caixa de surpresas, que me fascina e, às vezes, assusta.

Sou amigo de Lúcia há exatos dois anos. Nos conhecemos no trabalho, uma empresa chinfrim de telemarketing, onde a gente sabia que estava só de passagem. A identificação com Lúcia foi imediata, nos adoramos no primeiro instante. O papo foi sobre cinema e viagens. E de lá pra cá, vivemos muitos momentos legais. Dos hilários surtos dela com clientes ao telefone à confidências amorosas secretas, temos divertidas histórias juntos.

Lúcia é acima de tudo uma mulher extremamente interessante. Ela é culta, inteligente, aventureira, chique, elegante e completamente louca. Tem mais de 40 anos e o pique e a vitalidade de uma garota de 20. Lúcia tem fome de viver e vive intensamente cada segundo. É uma montanha-russa de emoções. Lúcia é bipolar. Presenciei um de seus surtos homéricos dentro de um ônibus, quando esse atrasou 40 minutos, fazendo-a perder a hora de um compromisso importante com um de seus inúmeros pretendentes. Naquele dia, conheci quem era Lúcia de verdade, e continuei amando-a.

Lúcia é viajada. Fala inglês, arranha no francês, espanhol e italiano. Não gosta muito de homem brasileiro. Foi casada com um empresário grego, com direito a ser conduzida até o altar, vestida de noiva em cima de um burrico, tal e qual Cláudia Abreu na novela "Belíssima", lembram? Já namorou diplomata francês, sommelier italiano e até traficante argentino. Seu currículo amoroso é extenso, vai muito além desses gringos que ela adora. Também já foi perdidamente apaixonada por um suburbano paulista, que foi preso por não pagar pensão ao filho. Do pé-rapado ao endinheirado, Lúcia se apaixona e se entrega de corpo e alma. Ela é intensa.

Bailarina clássica, de vez em quando Lúcia faz um bico ou outro como professora de ballet, mas em outros tempos brilhou em palcos cubanos, argentinos e europeus, tendo até um breve "affair" com uma de suas coreógrafas, a famosa Deborah Colker.  

Lúcia mora num minúsculo apartamento na Alameda Lorena, nos Jardins. Cercada por livros, revistas, cd's, dvd's, bonecas Barbie, sapatilhas, pequenos objetos que trouxe de vários lugares pelos quais passou, fotografias de amigos e momentos especiais e dois gatos angorá, Jean Paul e Simone, ela curte seu aconchegante cantinho, cozinhando delícias para os amigos (seu tempero é espetacular) e preparando bons "drinks". Na casa de Lúcia sempre se houve música da melhor qualidade. As paredes são rabiscadas com frases célebres de pensadores e poetas como Fernando Pessoa e Clarice Lispector. É um templo do bom gosto.

Lúcia poderia ter uma vida de socialite, estilo mulheres ricas. Casada com um bom partido, sempre vestida de grifes, com um carro na garagem e uma gorda conta bancária, mas preferiu ser livre, "pobre" e feliz. Recebe uma modesta pensão do ex-marido e esporadicamente faz eventos como hostess em hotéis, clubes e restaurantes de luxo.

Lúcia não dispensa nunca seu baseado. Diz que já experimentou de tudo e nunca virou uma viciada decadente. Eu não acho legal a coisa da maconha, mas já me acostumei, e é como ela diz, a gente se respeita, eu não encho o saco e ela não fica querendo que eu experimente. Ela é a única pessoa que eu tolero fumando na minha frente.

Lúcia é tão deliciosamente maluca! Ela já mostrou os seios pra um vizinho que ofereceu $50 só pra vê-los, ela barganhou e levou $100. Quando ele quis tocá-los, ela pediu $200. Ele desistiu. 

Um dia, Lúcia voltava caminhando do trabalho, um carro a abordou confundido-a com uma GP. Ela não titubeou, entrou no carro e recebeu um trocadinho pra champanhe francesa. Ela é livre, amoral e adora sexo.

Noutro dia, uma segunda-feira quente de dezembro, exaustos depois de mais um dia de trabalho, paramos num boteco que de fino não tinha nada, mas era muito gostoso, a cerveja estupidamente gelada e os pratos nordestinos uma tentação. Entre uma cerveja e outra, conversa vai, conversa vem, surge Rocco, um belo homem moreno, alto, atlético, tinha seus 38-40 anos. Puxou assunto, sentou com a gente e Lúcia sempre falante, espontânea, já mais pra lá do que pra cá, desandou a falar mais, puxou o cara pra dançar e se insinuou a noite toda. Eu, um pouco tímido com pessoas novas, mais ouvia e ria que falava e quando Rocco tentava puxar algum papo comigo, Lúcia logo tratava de chamar a atenção pra si novamente. A noite terminou às quatro da manhã no zero a zero pra todo mundo, porque Lúcia estava louca pelo cara, que estava a fim de mim, que bobo, fiquei sem graça de demonstrar interesse e deixei ela dominar a cena. Rocco como um verdadeiro cavalheiro não deixou suas intenções explícitas, talvez pra não chatear Lúcia e foi embora educadamente. Ao lembrar dessa história eu e Lúcia damos boas risadas. Acabamos dormindo só os dois, em sua cama de casal, sem o Rocco.

Uma vez Lúcia foi presa por desacato a autoridade.

Lúcia já fez sexo num cemitério em Buenos Aires.

Lúcia já trabalhou num navio.

O melhor chocolate quente com conhaque que já tomei foi feito por Lúcia. Que também já me preparou um fondue inesquecível.

Eu e Lúcia já ficamos de mal, por causa de bobagens, mas não conseguimos ficar muito tempo separados.

Nosso último jantar foi um luxo e tudo ia às mil maravilhas, qual não foi minha surpresa, quando ela me disse que me apresentaria seu mais recente "peguete". Fiquei curioso. Depois de comer, beber e papear bastante, o dito cujo chegou. Quando vi o garoto, perdi o fôlego, não conseguia acreditar no que meus olhos viam. Pensei que Lúcia havia pirado de vez. O menino aparentava uns 18 anos, um moleque, quase um marginal, saído do Jd. Ângela, um dos bairros mais perigosos de São Paulo, dentro de um apartamento no Jardins! Entrei em pânico. Lúcia descolada, percebeu minha terrível surpresa e logo tratou de amenizar o clima tenso que se instaurou. Logo consegui trocar duas palavras com o moleque, mas só. O ambiente se transformou, eu já estava demais ali, Lúcia teria uma noite regada a muita maconha e sexo com aquele adolescente recém saído da menor idade, e eu senti urgência em me mandar rapidamente. Mal consegui comer a sobremesa. E ao me levar até a porta, Lúcia me abraçou fortemente e deu aquele sorriso maroto como quem diz: "não me julgue, eu só estou vivendo." E apesar de chocado, achando que ela passou um pouco dos limites, eu não julguei.

Quem sou eu pra julgá-la? Apenas um cara certinho, que não gosta de maconha, que não faz sexo por sexo e que não consegue sair do conforto do seu mundinho particular, que sonha demais e às vezes esquece de viver a realidade como ela é, nua e crua. Um cara que tem seus conceitos de caráter, honestidade e índole e que às vezes acha que Lúcia ultrapassa esses conceitos e extrapola seus próprios conceitos de liberdade, agindo de maneira duvidosa e condenável. Mas, ainda assim, são só achismos, Lúcia não vai me corromper. E se os meus conceitos forem realmente melhores que os dela, um dia, quem sabe, ela não possa enxergar isso através de mim, sem cobranças, nem imposições, mas naturalmente, como os verdadeiros amores devem ser, naturais e espontâneos.

Já passaram pela minha vida mulheres maravilhosas, admiráveis e incríveis. Mulheres que me amaram, me ensinaram e me inspiraram. Lúcia é uma delas.

sábado, 13 de julho de 2013

DESTAQUES: ISABELLE DRUMMOND & THALLES CABRAL #01

Estreando hoje uma nova coluna no blog, a DESTAQUES, que sempre vai trazer algo ou alguém interessante que está se destacando na mídia ou ainda irá se destacar. Usarei aqui muito do meu feeling e gosto pessoal pra falar de quem se destaca(rá) na minha humilde, porém exigente opinião em cinema, tv, teatro, gastronomia, literatura, fotografia, artes plásticas, música e por aí a fora...

Pra começar, hoje vou falar de dois jovens atores globais, que estão na telinha atualmente. O primeiro, é o estreante em novelas Thalles Cabral, intérprete de Jonathan, filho problemático de Félix (Mateus Solano) e Edith (Bárbara Paz) em Amor à Vida, novela das 21 horas de Walcyr Carrasco. 

O rapaz de 19 anos, gaúcho, que passou a infância em Porto Alegre, a adolescência em Curitiba e há quatro anos vive em São Paulo, tem um rosto estranho, quase feio, porém, extremamente expressivo e apesar do texto fraco, didático e mecânico de Walcyr, seu personagem é um prato cheio pra que ele mostre todo o talento que tem. Jonathan é um garoto problemático, com todos os motivos pra ser perturbado. É herdeiro de uma rica família, proprietária de um grande hospital. Seu pai, um homossexual enrustido, não o suporta, sempre atormentando-o com seus ataques de fúria. A mãe é uma ex-prostituta, que foi contratada pelo avô pra se casar com seu filho e convertê-lo da homossexualidade. Como se não bastasse todo esse entrecho familiar escabroso, o rapaz ainda irá descobrir que não é filho de seu pai e sim irmão, pois o pai verdadeiro é quem ele acredita ser seu avô, e aí sim a vida de Jonathan se transformará num verdadeiro inferno, pois o pai/irmão não vai poupar esforços pra tirá-lo do seu caminho na briga pela tão desejada herança. Quando a novela chegar no momento da grande revelação, Thalles certamente arrasará em cena, tô apostando nisso, pois além de ator com um vasto currículo no teatro, o menino prodígio é músico, toca e canta lindamente e como se não bastasse ainda escreve, ele mantém um blog, esse aqui ó http://noveestorias.wordpress.com/, com textos muito legais, super bem escritos. Boas vibrações pro Thalles Cabral, uma nova promessa na telinha, na telona, na música e quem sabe na literatura.

Agora falemos de Isabelle Drummond. Só tenho elogios e confetes pra jogar nessa linda. Existe atriz mais fofa na televisão brasileira nesse momento? Ela é doce, delicada, tem um ar suave, emoldurado por um rosto de boneca de porcelana, mas o corpo de mulher feita, discretamente sensual, quase nos faz esquecer da meiga garotinha que aos seis anos, estreou na telinha como filha de Ana Paula Arósio em Os Maias, minissérie de Maria Adelaide Amaral exibida em 2001.


Depois, ela fez a Emília, do Sítio do Pica-pau amarelo durante 5 temporadas, sendo a primeira e única criança a interpretar a famosa boneca, dos 7 aos 12 anos. Ao se livrar da marcante personagem, Isabelle roubou a cena como a adolescente cheia de personalidade Bianca, na colorida e divertida Caras & Bocas em 2009, sucesso de Walcyr Carrasco às 19 horas. No mesmo ano, ainda com 15 anos, interpretou no cinema a filha de Glória Pires e Tony Ramos em Se eu fosse você 2, no filme sua personagem tinha 18 anos, estava grávida e prestes a subir ao altar.

O curioso na trajetória de Isabelle, é que parece que diretores e autores custaram a entender que estavam diante de uma grande atriz, pois durante um certo período ela alternou personagens maravilhosos e de grande destaques com outros pequenos, quase insignificantes. Após surpreender público e crítica como a pequena notável espertíssima boneca Emília, ela fez parte do elenco de Eterna Magia, novela das 18 horas de 2007, fracasso de audiência, fazendo a personagem Gina, completamente apática, quase sem função na trama. E em 2011, depois do sucesso de Bianca, interpretou Rosa em Cordel Encantado, outra personagem pequena para seu imenso talento, nesse caso, pelo menos, a novela foi um enorme sucesso.

Finalmente em 2012, Isabelle Drummond estrelou sua primeira novela como protagonista, Cheias de Charme, ela era uma das três "empreguetes" que cantavam e faziam o maior sucesso dentro e fora da telinha. Ao meu ver um papel um pouco difícil de engolir, porque Isabelle pode ter cara de tudo, menos de doméstica, ainda assim fez sua romântica Cida brilhantemente, garantindo sua segunda protagonista consecutiva na atual Sangue Bom, de Maria Adelaide Amaral, a mesma responsável por sua estreia lá em Os Maias de 2001. Lá se vão 12 anos, me apaixonei por aquela pequena joia de apenas seis aninhos, fazendo a doce Roseclair na obra baseada em romance de Eça de Queiroz e hoje amo profundamente a linda mulher de 19 anos, que não perdeu o ar angelical de menina e faz minha personagem preferida, na minha novela preferida, de uma de minhas autoras mais amadas. A Giane é o tipo de personagem que faz a gente sonhar, chorar e torcer loucamente. Ela é masculinizada, ama platonicamente um cara que a vê como irmã, sofre porque ele não a nota como mulher e agora passa por um gradual processo de transformação, ficando pouco a pouco mais feminina e atraente aos olhares masculinos, o que obviamente atingirá seu grande amor não correspondido.

O que me faz ter certeza que um ator é um grande ator, é justamente essa coisa absurda da transformação, de fazer o público acreditar que ele é aquele personagem, e Isabelle faz isso perfeitamente. Todos sabem que ela é muito feminina, delicada, com um estilo totalmente menininha romântica, sua personagem anterior, aliás, era assim. Na pele de Giane, porém, é quase impossível acreditar que ela não é aquela garota do subúrbio de São Paulo, tão natural e verdadeira é sua interpretação. Palmas para linda de bonita e mega talentosa Isabelle Drummond. Vida longa a essa boneca de porcelana.  

quinta-feira, 11 de julho de 2013

O MAIS PURO CAIO F. / COTIDIANO

"Você vai me abandonar e eu nada posso fazer para impedir.
Você é meu único laço, cordão umbilical, ponte entre o aqui de dentro e o lá de fora.
Te vejo perdendo-se todos os dias entre essas coisas vivas onde não estou.
Tenho medo de, dia após dia, cada vez mais não estar no que você vê.
E tanto tempo terá passado, depois, que tudo se tornará cotidiano e a minha ausência não terá nenhuma importância.
Serei apenas memória, alívio, enquanto agora sou uma planta carnívora exigindo a cada dia uma gota de sangue seu para manter-se viva.
Você rasga devagar o seu pulso com as unhas para que eu possa beber.
Mas um dia será demasiado esforço, excessiva dor, e você esquecerá como se esquece um compromisso sem muita importância.
Uma fruta mordida apodrecendo em silêncio no quarto.”

terça-feira, 9 de julho de 2013

SEGUIMOS NO ÔNIBUS 703...






E tem esse meu amigo querido, com quem falo sobre tudo... Sobre dores, amores, dificuldades, frustrações, planos, sonhos, desejos e todas aquelas coisas que melhores amigos falam. Não existe assunto proibido, existe uma intimidade escancarada e muito confortável, e confiança, essa base tão necessária à qualquer relação de cumplicidade e amor. 

Pois então, estávamos eu e ele tomando um cappuccino, num café delicioso aqui perto de casa, numa dessas noites bem frias que faz aqui em São Paulo vez ou outra e em meio à aromas inebriantes de cafés, chocolates, pães de queijo e delícias assadas de todo o tipo, divagamos sobre nossas batalhadoras vidas, que não são nada fáceis. De como desejamos nada mais do que o básico, porém, com uma pitada de glamour, pra vivermos felizes de fato.

Primeiro ganhar o necessário pra ter um certo conforto, sem se preocupar se vai ter dinheiro na conta pra cobrir o cartão de crédito, gasto em coisas básicas pra pessoas como nós: cinema, teatro, bons restaurantes, cafés, livrarias, pequenos luxos culinários, viagens, compras, às vezes sem necessidades, só pelo prazer de comprar. Porém, o mais importante, o dinheiro que nos proporcionará tudo isso, é imprescindível que seja fruto de algo que amamos fazer. Nada de empregos burocráticos, escravizantes, executados apenas pela necessidade de sobre-viver. Queremos viver plenamente, com dignidade, sem precisar contar tostão. 

Divagamos sobre isso, porque a vida não tá fácil, e ainda assim não deixamos de vez em quando, frequentar lugares incríveis, é um dinheiro que podia ser economizado pra uma eventual necessidade, na atual conjuntura nunca se sabe, já passamos por tantas, mas não resistimos. A vida realmente tem prazeres indispensáveis.

E assim seguimos, eu e ele, planejando nosso futuro. Imaginando nossas casas, como será a decoração, os móveis, tapetes, paredes, coloridas, com quadros ou papéis de parede. As viagens que faremos, pra serra, praias, Sul, Nordeste, Sudeste, Centro-Oeste, internacionais, Europa, América do norte, América do Sul. E sempre juntos, na alegria e na tristeza, na dificuldade e na pujança. Por afinidade, por escolha e um carinho mútuo imenso, que me dá forças pra seguir no ônibus 703, sonhando, com destino aos meus desejos mais recônditos. Senta do meu lado, pega na minha mão e só solta quando a gente chegar lá, pra celebrar nossa vitória com um abraço.

sábado, 6 de julho de 2013

CINEMA: MINHA MÃE É UMA PEÇA - O FILME






Assisti  Minha mãe é uma peça - o filme há alguns dias já, mas não poderia deixar de registrar aqui, só pra constar, que o filme de Paulo Gustavo, baseado em sua peça de maior sucesso, é boa demais, engraçadíssima, sensacional!

Ri litros. Em 88 minutos de filme eu fui muito, muito, muito feliz e só ratifiquei o que já sabia, que o impagável Paulo Gustavo é bom demais, engraçadíssimo, sensacional!


segunda-feira, 1 de julho de 2013

FÉRIAS!






Foram 10 anos desejando, imaginando, planejando, sonhando..., aí em fevereiro desse ano, finalmente, as elucubrações ganharam vida, os dias de universitário tornaram-se reais. Nada como os pensamentos idealizados que fantasiei durante toda uma década, afinal já não sou mais o garoto cheio de ilusões recém saído da adolescência e do ensino médio. Amadureci, e acho que amadureci até demais pra estar na turma que caí, com determinadas pessoas, me fazendo por alguns instantes até pensar que já tinha passado o meu momento de estar ali nos bancos de uma universidade. Mas nunca passa, o momento de cada um é sempre único, seja em qual época for. E mesmo não sendo mais aquele garoto do ensino médio, foi bom, valeu à pena e ainda valerá por alguns bons semestres.

Este post é pra celebrar o fim do primeiro semestre e dizer que foi tudo intenso e veloz. Estamos em julho e parece que foi ontem que tudo começou, os últimos dias do carnaval e os primeiros dias de aula. Aquela ansiedade curiosa pra saber como seriam as aulas, os professores, como se comportar como um aluno de ensino superior? que surpresas agradáveis ou não me aguardaria?. Tudo novo, diferente. Uma nova fase tão almejada se descortinando a minha frente de maneira tão natural. Nada de extraordinário, a não ser alguns professores, colegas, conversas e momentos marcantes.

Houve momentos de desânimo, onde me perguntei se realmente valia à pena enfrentar três anos de faculdade pra estudar coisas que realmente eram importantes, mas que não atingiam o ponto exato daquilo que eu quero pra minha vida profissional, pra logo em seguida cair em mim e me convencer mais uma vez que conhecimento nunca é demais, muito menos inútil. E de qualquer forma, um curso superior era algo que eu devia pra mim mesmo, mais do que uma realização pessoal, uma obrigação com tudo o que eu fui e sou como pessoa. Não ter uma formação superior seria um grave insulto a minha inteligência e ideologia. E definitivamente, não poderia ter escolhido outro curso, talvez Comunicação, mas Letras não deixa de ser comunicação de certa forma, talvez a mais verdadeira, aquela que educa, mas também ensina a sonhar.

Pra finalizar, queria citar pessoas e momentos que me fizeram muito bem nessa primeira jornada: Professora Márcia, meiga e delicada como um souvenir francês, demonstrando sempre muita força e paixão em suas empolgantes e emocionantes aulas de Literatura; Professor Murilo, com seu humor mordaz e irresistível, tornando, às por vezes complexas aulas de Teorias Linguísticas, momentos deliciosamente imperdíveis de pura descontração; a colega Célia, dona de um coração gigante, com quem tive conversas ótimas, gargalhadas sensacionais, briguinhas bobas e um desentendimento quase sério que se resolveu a tempo, no último dia de aula, porque é impossível ficar brigado com essa montanha de carinho e generosidade que ela é. Não posso deixar de demonstrar meu afeto pela dedicada Professora Adriana de Leitura e Produção Textual; a queridona Carol Dias; as doces e sensatas Valquíria e Vânia; a "magrelinda" Vanessa; o trio ternura Bruna, Jeniffer e Carol Morais; o misterioso e sedutor Marcelo T. Sutto; a bela Ana Maria e meu queridíssimo Érico (Débora), que me deixou logo na segunda semana e se transferiu pra noite, mas nosso caso já é antigo e ele continua no meu coração.

É isso aí, em agosto tem mais...